Conceitual

Um Retrato Sensível das Enchentes no Sul

Todas as conquistas materiais e memórias de vida do casal, 

ambos com mais de setenta anos, foram reduzidas a entulho. 

Dona Castorina e o Sr. José viram sua casa ser engolida pelas águas da catástrofe que atingiu o Rio Grande do Sul. 

O pequeno chalé de madeira, localizado em São Leopoldo, nunca antes tocado pelo rio, 

desta vez foi submerso a uma altura que deixou bairros inteiros debaixo d'água por mais de trinta dias, 

além de precipitar um estado de calamidade.


Havia um odor insalubre de lama misturada com esgoto, além do processo de 

apodrecimento dos mantimentos levados pela enchente, 

que chegou a cobrir o teto da casa, completamente destruído pelas águas. 

Todos os móveis e utensílios da casa precisaram ser descartados após nossa visita, quando o casal retornou ao local pela primeira vez desde que foram evacuados e passaram semanas em um abrigo temporário. 

O estado emocional de ambos estava extremamente fragilizado, 

então uma equipe de voluntários (ONG) assumiu a responsabilidade pela reconstrução do lar da família.

Assim como a história de Castorina e José, milhares de gaúchos perderam tudo na enchente de maio de 2024. 

Nosso estado nunca havia enfrentado tamanha devastação. 

Além das perdas materiais e das vidas perdidas, as consequências incluem 

a poluição decorrente do transbordamento das águas, cujo impacto é incalculável, 

afetando 461 cidades e deixando 78.165 pessoas desabrigadas e outras 540.192 desalojadas.


No meio do caos e da destruição, surgem verdadeiros heróis: 

homens e mulheres vindos de todas as partes, dedicados a limpar, doar e reconstruir, 

proporcionando alívio a quem mais precisava. 

Esta é uma homenagem a esses heróis, 

cuja coragem e compaixão emergiram em um dos momentos mais sombrios da história do estado.


"Logo após compreender a gravidade das enchentes na região, 

uma profecia me trouxe luz em meio ao caos: 

"Eu te vejo fotografando flores brancas no meio do barro." 

Com a agenda desmarcada, sem previsão alguma de vendas, 

e o limite do cheque especial estourando, segui em direção às áreas alagadas, 

guiada pelo impulso de ajudar. 


Nas idas e vindas, entrei em sintonia com a dor e a esperança, 

capturando mais de sete mil imagens que revelam a delicadeza emergindo do desastre. 

Foi um trabalho voluntário, onde cada clique buscou não só contar a história, 

mas também tocar corações, despertando solidariedade pelo mundo. 

Foram alguns dos dias mais dolorosos da minha profissão, 

mas hoje começo a entender a dimensão do que essas 

Histórias representam como registro de fé para o nosso povo. 


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Dedico essa postagem, exatamente um ano após toda a devastação, à cada um dos 

homens e mulheres do bem que doaram seu tempo, sua saúde e todos os

recursos possíveis para ajudar quem mais precisava naquele instante. 

Em especial ao Grupo Mentes Brilhantes, VS Clinic, Associação Deive Leonardo, 

Batalhão de Viamão e todos os movimentos grandiosos de distribuição 

de toneladas de donativos, bem como a Ong Brasa Church (e Igreja Brasa Church) 

responsável pelo movimento de limpeza e reconstrução aqui retratados nos meses de maio a junho de 2024.

Obrigada!


"Eu esperei pacientemente no Senhor e Ele se inclinou para mim, e ouviu o meu clamor. 

Ele também me tirou de uma cova horrível, do barro lamacento, 

e pôs os meus pés sobre uma rocha, e estabeleceu os meus passos." (Sl 40:1,2)