Imagem capa - Sem protagonismo, nós somos os narradores! por Aline Evelin
Narrativas

Sem protagonismo, nós somos os narradores!

Eu estava pensando em como iniciar o texto desse mês no Blog Wedding na ocasião em que escutei essa frase do meu querido amigo, padrinho de casamento, e fotógrafo conhecido por suas camadas, Guilherme Bastian: 

“Quando eu escolho o que vou fotografar deixo todo o resto de fora”.




Fotografia: Guilherme Bastia


Ou seja, a vida de um fotógrafo é feita de inúmeras escolhas que nem sequer temos como contabilizar. E assim somos nós os narradores fazendo parte essencial de cada enredo. Assim como no jornal televisivo que tanto criticamos, nós podemos ser muito persuasivos. Já aconteceu com você de entender uma história de maneira diferente do que alguém que escutou ela também? Isso porque temos o poder de interpretar diferentes versões de uma mesma história, podemos perceber traços de comédia, drama, romance, isso faz parte de quem nós somos, de como percebemos o mundo. E que tal usarmos nosso papel dentro da narrativa para, de forma consciente, fazer esse trabalho de envolver a todos como se fosse aquele suspense instigante que não te deixa sair de frente do livro antes do fim?



Foto: Nei Bernardes




Foto: Nei Bernardes




Foto: Nei Bernardes



Foto: Nei Bernardes


O primeiro passo é selecionar as frações de segundos certas, aquelas que são essenciais para contar o que acreditamos ser mais importante. E detalhe! Vejamos a importância do que estamos fazendo, afinal, uma fração de segundo pode significar muitas coisas, podemos fazer com que uma mão se aproximando seja um ato de carinho ou até mesmo de ofensa. Ou mesmo a mão no rosto possa passar tanto uma ideia de emoção (esconder as lágrimas), ou de exaustão (estou cansada) ou de “eu não acredito que você está falando isso”.




Foto: Aline Evelin


Não podemos esquecer aqui de levar em conta tudo o que já estudamos sobre narrativa: tempo, espaço e personagens. Eles devem estar presentes nesse apanhado. Depois é necessário nos distanciarmos um pouquinho e nos colocarmos no papel de espectadores. Como as pessoas vão entender esse material que estamos apresentando? Será que ainda existe algo que possamos fazer para deixar a mensagem mais clara?




Foto: Nei Bernardes



A vida dos noivos também é cheia de escolhas que definem as fotos que eles vão receber daquele dia. Quando se determinam a contratar um fotógrafo, com ele estão escolhendo a vida, a bagagem visual, a bagagem afetiva, tudo isso que, sabemos, forma a percepção de cada um. Por isso não há tempo ruim. Todo dia é dia de estar super envolvido com as histórias, com aqueles personagens e com o dedo do coração (o dedo que usamos para parar o tempo em cada foto), como dizia a Vinny Labella, no Wedding Prime. Para sermos narradores mais eficazes precisamos assumir esse papel, deixando de avaliar menos a técnica e mais a mensagem, como um treinamento contínuo sobre aquilo que queremos que os outros entendam do nosso apanhado de fotografias. Os designer de álbuns e diagramadores por vezes assumem esse papel de contadores da história, quando fazem a curadoria para os fotógrafos. Esse papel é tão importante quanto ter uma ótima cobertura em imagens, afinal é o que será visto, é o grande resumo de tudo o que foi capturado.